Mensagens
Publicado por António Campos | em 24/12/2021 |
NATAL |
A mensagem de Natal é sempre, para alguém como eu, que adorava chegar a todos, algo complexo. Surgem ideias para o melhor texto possível, mas qual é ele? Depois penso também na mensagem telefónica a mesma para todos ou uma para cada um? Penso no número de pessoas alvo (parece marketing) depois a quem quero chegar, a ideia da lista de pessoas a quem mandar também passa pela mente, mas de imediato, surge a ideia, devem ser cem amigos, se calhar mais, para isso tenho que fazer uma seleção e vem logo á mente a questão tens amigos menos amigos? A seguir penso ahhh… não mando nada, todos sabem que lhes desejo bem e o melhor, não é fundamental, MAS É! Então decidi que a minha mensagem de Natal tem que ser uma mensagem de agradecimento, a todas as pessoas que tenho o privilégio de conhecer e que de alguma forma me moldaram e transformaram no ser que sou hoje. Começando pela minha família, pelas pessoas a quem eu sigo desde tenra idade, mais as que desde essa altura, também me acompanham, e cujas experiências ganhas, foram fundamentais para uma base que considero sólida, até aqueles que me ajudaram e ensinaram no meu percurso profissional, que ainda não acabou, aos meus atletas que me demonstraram uma capacidade de união e resiliência, que continuam a dar-me muito mais do que imaginam, o meu mais profundo agradecimento. Todos vocês fazem com que me sinta uma pessoa feliz e até abençoada, com o tanto que recebo de vocês. Obrigado Sem querer cair no vulgar (que não tem nenhum erro), desejo uma boa passagem destes dias festivos, que ainda me levam a acreditar na figura Natalícia e nos sonhos de um novo ano. Não encontro no meu espaço cerebral, um sítio onde não deseje bem a quem quer que seja, nesta ou outra data qualquer, por isso e do coração, que o melhor dos vossos sonhos aconteça ! |
Obrigado António Campos |
Publicado por António Campos | em 22/12/2021 |
ÁRVORE DO CONHECIMENTO |
Imaginem que se dispuseram a subir a uma árvore com o objetivo de chegar ao topo. Por mil e um motivos cada um de nós quer chegar lá bem acima. É condição passar por todos os ramos, todas as raízes, todas as folhas, enfim por tudo o que pertence a essa árvore. Até ao topo mesmo. Agora vamos servir-nos desta ideia e façamos uma analogia com uma suposta árvore de conhecimento, em que cada elemento dessa arvore, desde a raiz até ás folhas, são experiências de vida, experiências essas que são necessariamente únicas, porque cada ser é um ser e como tal único. Pessoalmente, nesta espécie de escalada, apercebi-me, que no percurso, sem saber exatamente onde estava fui achando que estava perto do topo, senão, pelo menos muito próximo. O tempo foi passando e eu fui tomando a real consciência do tamanho da arvore. Essa mesma consciência foi-me “informando” que afinal o topo está longe e fui pensando, como o grande filósofo Sócrates “eu só sei que nada sei”. Verdade mesmo, é que a saber, sei pouco. Entretanto chegamos a um ponto da nossa vida em que a analogia de que falo se torna algo ciente, percebendo de dentro para fora, tudo o que a tal árvore quer de nós, ou nós dela. Tudo deve ser aproveitado como lição. Esse tem sido o maior dos ensinamentos. Na medida do nosso envelhecimento, refiro-me ao conhecimento, a perceção da árvore começa por ser algo tão interessante, que nos faz ver a vida e as nossas experiências de vida como algo, até fácil, se calhar, porque até parece que estamos perto do topo, mas não, isso não sabemos. Por isso ficamos surpreendidos connosco, por sermos capazes de decidir coisas que antes se revelavam extremamente difíceis e hoje extremamente fáceis. Com tudo isto preocupa-me as gerações mais novas, com as quais fico com a sensação de quererem chegar ao topo de qualquer forma, sem perceber que as raízes, os ramos, as folhas, etc… são passagens fundamentais para o curso completo, leia-se vida. Deixar ramos e folhas para trás não completa a formação necessária para o tal ser único, o tal que faz a diferença. O que é que tem a haver com Karaté? Tudo… Lembra-te do inicio da tua prática marcial, ou pelo menos tenta e avalia o quanto algumas coisas eram muito difíceis e hoje se revelam tão fáceis, também se a tua memória te ajudar, és capaz de te lembrar de por exemplo uma aula em que faltaste e foi abordado uma técnica nova e os teus colegas falam nisso, ficas com a sensação de que falta algo, isto na tal árvore imaginária será como saltar um ramo, mais tarde ou cedo tens que voltar atrás, para aprenderes isso. Regista que com a prática do karaté te predispuseste a subir a uma árvore, que até parece ser só relacionada com as artes marciais, observa melhor e talvez chegues á conclusão que afinal árvore há só uma a do conhecimento, é a da tua vida e que subi-la é da maior importância. |
Muito obrigado Sensei Campos |
Publicado por António Campos | em 10/09/2012 |
A BORBOLETA AZUL |
Em 2008 li um texto que me despertou par nós enquanto seres humanos e decisores da nossa vida, e o texto reza assim: Aquele homem ficou viúvo com duas filhas que, para além de curiosas eram inteligentes. As meninas faziam sempre muitas perguntas. A algumas, ele sabia responder, enquanto a outras não. Como pretendia oferecer-lhes a melhor educação possível, mandou-as passar férias com um velho sábio que vivia no cimo de um monte. Tratava-se de um velho ermitão. O sábio respondia sempre a todas as perguntas que elas faziam, sem hesitar. Impacientes com o sábio, as meninas resolveram, depois de muito pensar, inventar uma pergunta à qual ele não soubesse responder. Então uma delas apanhou uma bela borboleta azul, que usaria para pregar a partida ao velho sábio. - Que vais tu fazer? Perguntou-lhe a irmã. - Vou esconder a borboleta nas minhas mãos e perguntar-lhe se está viva ou se está morta. Se ele disser que está morta, abro as mãos e deixo-a voar. Se disser que está viva, aperto-a até a esmagar. Assim a resposta do sábio estará sempre errada. As duas meninas foram ao encontro do sábio, que estava num dos seus momentos de meditação. - Tenho aqui uma borboleta azul. Ora diga-me lá senhor sábio: está ela viva ou morta? Calmamente, o sábio sorriu e respondeu: - Tudo depende de ti... Ela está nas tuas mãos... Assim é a nossa vida. O nosso presente e o nosso futuro. Não devemos culpar ninguém quando acontece algo errado. Somos nós os responsáveis por tudo aquilo que conquistamos ou não conquistamos. A nossa vida, o nosso futuro, o nosso bem-estar... está tudo nas nossas mãos, como aquela borboleta estava nas mãos daquela menina curiosa e inteligente. Provavelmente este texto terá sido utilizado para fins filosóficos ou de outro tipo, eu quero utiliza-lo para falar de todas as pessoas que a dada altura das suas vidas decidiram iniciar a prática de karaté, e que por razões só delas, deixaram de o fazer. Hoje quando nos encontramos, falam sempre com imensa nostalgia “desse tempo”, mas essa foi a decisão que de uma forma consciente ou não tomaram. Para aqueles que fizeram igual escolha mas decidiram não parar foi também a sua escolha e que me parece não se dão mal com isso. Ainda existem aqueles que acham que um dia destes vão começar, quando o fizerem essa também irá ser a sua escolha, e a exemplo de tantos outros me dirão: - Se eu sabia já tinha começado há mais tempo. Como diz o texto tudo está nas nossas mãos, para mim é certo que as decisões de hoje vão influenciar o nosso futuro. Daí a necessidade, de ao sermos decisores da nossa vida o façamos com a consciência, de que temos muitas alternativas para tornarmos a nossa vivência uma coisa brilhante. Hoje, com conhecimento de causa afirmo; a minha escolha KARATÉ foi de tal forma gratificante que sinto ter sido “divinamente” empurrado para aqui. Servindo-me do texto direi: - Escolhi que o destino da minha borboleta azul só a mim pertence. A todos os meus professores e principalmente aos meus alunos que muito me ensinam, Texto em itálico retirado da página do leitor do JN de 30/03/2008 |
Muito obrigado, Sensei Campos |
Publicado por António Campos | em 09/09/2012 |
O APRENDIZ DE FEITICEIRO |
Há alguns dias atrás um instrutor por quem nutro uma grande amizade, falou-me de um conhecido comum, que fundou um estilo novo de artes marciais. Poder-se-á afirmar que até aqui nada de novo, embora esta seja uma prática bastante comum em países como os Estados Unidos, por exemplo. Por cá é um pouco mais estranho, devido a que, ao que diz respeito às artes marciais, somos bastante conservadores. Que o diga eu próprio a propósito da criação da kata Kokutsu. No entanto fiquei curioso, e fui dar uma espreitadela na tal página web. Lá estava tudo “escarrapachado”, e com tudo devidamente organizado, como manda o “figurino”. Isto levou-me a refletir sobre; o que é que eu achei estranho e porquê? Como é do conhecimento geral, (dos entendidos) o karaté, é uma arte, e como tal algo que se adquire ao longo de anos e anos de prática, e que com o tempo vamos percebendo o quão pouco sabemos, quando nos comparamos com os grandes Mestres, que se cruzam no nosso caminho. Isto porque afinal como dizia o grande Mestre Chojun Myagi - à medida que nos aproximamos da perfeição, ela afasta-se. Dado a humildade que esses Grandes Seres nos transmitem, até parece, numa análise superficial, que acham de si próprios que, “não são grande coisa”. Esta perceção que eventualmente possamos ter, é ótimo, para de certa forma nos posicionarmos, no patamar que nos diz respeito, e podermos assim saltarmos fora do patamar dos suprassumos, em que muitas vezes nos colocamos consciente ou inconscientemente. Com Eles (mestres) temos a possibilidade, de sem que falem percebermos, o quanto nos falta aprender, ou mesmo entender que se calhar nem lá chegamos. Existem outros que sem perceber sequer, o patamar em que se encontram, acham que são conhecedores do que é isso das artes marciais, e dizem e fazem coisas completamente dispares. - E agora? - As Artes Marciais aquilo para que, são precisos anos e anos de prática, vamos desqualificar esses outros? - Não certamente! -E valor damos-lhes? Como ser humano sem dúvida, mais que não seja porque estão em busca do seu caminho. Como artistas marciais, vamos esperar que não se dispersem no caminho, tal como tem acontecido com tantos outros e tão bons. Tudo isto trouxe-me à memória uma pequena conversa com o grande Mestre Morio Higaonna, em que depois de o ter questionado sobre uma técnica qualquer de uma qualquer kata e ele me ter esclarecido, acrescentou, - Devemos treinar sempre com o intuito de atingir a perfeição, eu pessoalmente acredito que quando partir vou continuar a treinar, e aí talvez consiga atingi-la. Dito isto com a maior das simplicidades, que caracteriza este imenso Mestre, fiquei com a certeza, desde essa ocasião para mim e para todos os que me rodeiam, independentemente da sua graduação ou patamar, que não passamos de Aprendizes de Feiticeiros. |
Sempre com a maior atenção para convosco Sensei António Campos |
Publicado por António Campos | em 09/09/2012 |
A propósito da kata Kokutsu |
A minha interpretação de kata é de: um conjunto de movimentos estudados para contar ou demonstrar ( técnicas de ataque e de defesa), que são explanadas nas bunkai (aplicações), oyio bunkai (variações das aplicações) e gokui (técnicas ditas secretas). Provavelmente, num tempo em que o uso ou prática de luta deste tipo (karaté), era proibida, os grandes Mestres e criadores originais das katas, tiveram necessidade de “esconder” dentro dos movimentos executados algo mais que uma “dança”, e ao criarem os movimentos com a coordenação a força o kimé e tudo o que está dentro de uma kata, iria servir para guardar para memória futura todo o manancial de conhecimento a que só alguns tinham acesso. Existe uma grande maioria de instrutores e atletas com graduações mais altas de todos os estilos, que com o tempo (de ensino ou treino), acabam por desenvolver técnicas de defesa pessoal que consideram de sua criação, seja porque se ajustam á sua condição física, ao seu conhecimento técnico, ou mesmo á sua educação marcial. Também sou de opinião que é natural que assim seja. Daí que para mim construir uma kata foi natural Quando criei a kata kokutsu, houve vozes discordantes. Algo que não entendo, mas que me vejo na obrigação de aceitar, mais não seja pela minha incondicional respeitabilidade pela opinião do outro. Esta foi criada entre fevereiro e maio de 2007, exatamente com o intuito de “armazenar” algumas técnicas que considero minhas, e que desde aí tem sofrido algumas evoluções de pormenor que tem por objetivo, melhorar a sua performance em termos de execução. Foi também com o objetivo de transmitir aos meus alunos alguns conhecimentos, que de alguma forma os possam ajudar no entendimento da kata/bunkai e bunkai/kata. Quanto a mim ajudou-me a perceber melhor todas as nossas katas (do sistema goju),o que só por si garanto-vos já valeu a pena |
Sempre agradecendo o vosso cuidado e atenção Sensei Campos |
Publicado por António Campos | em 25/02/2012 |
Autobiografia |
Alguns dias atrás durante um treino estava a observar a execução de uma kata feita por alguns alunos e notei que uns tinham dificuldade na trajetória outros na técnica, outros na velocidade e outros ainda na força, enfim, nada de incomum. De imediato, parei e iniciei as correções passo a passo nas quais terão sido gastos mais ou menos 15 minutos. Quando os meus objetivos foram minimamente alcançados iniciei a kata novamente pedindo para a executarem toda. Qual não é o meu espanto, todos repetiram os mesmos erros que motivaram a paragem. Foi neste momento que me lembrei de um texto que tinha lido há alguns anos e que acho bem demonstrativo do que tinha acontecido. Falei-lhes desse texto e descrevi-o o melhor que me lembrei, tentando demonstrar que os erros repetiram-se, sabendo eles as correções pedidas. O autor chamava-lhe Autobiografia em cinco capítulos e reza assim: 1º Capitulo Caminho pela ruaHá um profundo buraco no passeio E caiu lá dentro. Estou perdido... Não sei o que fazer A culpa não é minha Preciso de uma eternidade para descobrir a saída.
2º Capitulo Caminho pela mesma rua.E lá está um grande buraco no passeio. Finjo que não o vejo. Caio outra vez. Custa-me a acreditar que esteja no mesmo lugar, Mas a culpa não é minha. Ainda preciso de muito tempo para sair.
3º Capitulo Caminho pela mesma rua.Há um profundo buraco no passeio. Vejo que lá está. Mas caio... Já é um hábito Tenho os olhos abertos, Sei onde estou Mas a culpa é minha E saio imediatamente
4º Capitulo Caminho pela mesma ruaHá um grande buraco no passeio E passo ao lado
5º Capitulo Caminho por outra rua.Cada um de nós tem a liberdade de interpretar este texto como bem entender, mas que ele é o espelho da nossa vida disso nem tenho dúvidas. Podemos usá-lo para fazer analogias com o nosso crescimento marcial, por ser uma algo em que nos apercebemos o quanto melhoramos rapidamente, dependendo sempre do nosso empenho, evitando o buraco. Esquecemo-nos de aplicar as mesmas analogias na nossa vida pessoal, mas fazendo um exame introspetivo sério, os cinco capítulos estão sempre lá. Tudo que se passou na nossa vida desde o nascimento, é uma constante passagem pelos capítulos referidos. Podemos tentar saltar etapas, mas isso não impede que elas estejam presentes. O nosso desenvolvimento físico e intelectual depende da nossa capacidade de passar ao lado (4º capitulo) ou até caminhar por outra rua ( 5º capitulo) o mais rápido possível, e isso implica ter passado pelas outras etapas. O texto apresentado pretende encorajar todos os que o leiam karatecas ou não, a lutar contra as vicissitudes da vida ou que a vida nos trás com um sorriso porque A VIDA É PARA VIVER E SER FELIZ. ( poema retirado de “O Livro Tibetano da Vida e da Morte” de Sogyal Rinpoche pág. 52) |
Sensei Campos |
Publicado por António Campos | em 24/12/2009 |
Natal |
NATAL – Quer queiramos ou não O Natal quer queiramos ou não, é um data especial. Não me refiro ao nascimento de Jesus Cristo. Refiro-me à data que uma imensa maioria, escolheu para ser mais “humano” e partilhar esse humanismo com os outros. É mágico! Isto é importante quer queiramos ou não. Infelizmente este estado de quase beatificação é curto, pois não aguentamos por muito tempo sermos tão “bons”. No entanto , tal qual uma paixão, enquanto dura é bom. Todos os anos, tenho problemas, ao querer, desejar a toda a gente tudo de bom por mensagem, não consigo por ter o hábito de enviar felicitações personalizadas para cada uma das pessoas de quem gosto. Faço desta forma por achar que todos os meus conhecidos, amigos, familiares, etc. são pessoas, cada um deles com especificidades, logo diferentes entre si, logo especiais. Outro problema é a escolha das palavras, tentando não cair no vulgar ou corriqueiro das frases feitas. A propósito dizia-me um amigo: há poucos anos desejava-se Feliz Natal, agora diz-se Boas Festas, talvez queira dizer que dantes seria mais centrado na festa religiosa propriamente, enquanto hoje será mais generalista. Embora sejam comemorações de cariz diferente, ambas tem em comum, o factor Esperança, implícito. Como é minha crença pessoal, que todos os seres humanos vivem em função da Felicidade e na Esperança de obter mais felicidade, é meu desejo profundo que todos os que me rodeiam, prolonguem este estado de paixão, que nesta época do ano nos afecta, pelo tempo que lhes for possível. Desejo, para os meus alunos e seus familiares, meus familiares, familiares dos meus familiares, meus amigos e seus respectivos amigos, meus inimigos (que desconheço, e havendo que deixem de o ser), o mesmo que desejo para mim SER FELIZ quer queiram ou não. Bom Natal com quem desejem estar, e que a entrada do Novo Ano seja propiciadora daquilo que anseiam para a vossa vida |
Sensei Campos |
Publicado por António Campos | em 13/06/2009 |
Síndrome |
Síndrome ou sindroma é um conjunto de sinais associados a uma patologia (doença) e que no seu conjunto definem o diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica. Em geral são um conjunto de determinados sintomas de causa desconhecida. Um síndrome não caracteriza necessariamente uma doença mas um conjunto de doenças (esta é uma definição wikipédia). O que é que isto tem a ver com o karaté? Ao longo dos anos a que me dedico ás artes marciais tenho notado como aluno, que ainda sou, e posteriormente como instrutor alguns comportamentos que no mínimo classifico como estranhos, tanto por parte de alunos (de todas as graduações) como de instrutores auto-intitulados “mestres” (também de várias graduações). Como sabem iniciamos a nossa “carreira” marcial com um cinto branco ao qual dando continuidade a essa mesma “carreira” vai inevitavelmente ficar negro. Até atingir esse patamar (negro) passamos pelo “arco-íris”, que é onde ganhamos conhecimentos base, para nos lançarmos a maiores voos. Neste percurso, acontecem as tais coisas estranhas, que algumas vezes (poucas felizmente) me deixam boquiaberto. Já tive exemplos de cintos brancos que com um mês de treino se sentem com coragem para entrar em zaragatas, baseando essa coragem no facto de terem aprendido o foco e a trajectória de um tsuki (soco), ou até mesmo sentirem-se mais fortes pelo facto de já conseguirem fazer 10 flexões sem parar. Para esses alguns dirão, dahhh!, mas eu direi – calma que isto não e muito mau, é que há outros com bastante mais tempo de treino (anos) tomam atitudes de arrogância para com os colegas e até para com os instrutores, quando em algumas ocasiões devido à sua condição física, se conseguem sobrepor ao colega de treino, isto é “mais mau”muito mais. O crescimento em karaté passa essencialmente pelo que o criador do nosso estilo Sensei Chojun Miyagi, dizia – treinar 10 para ser 5, ou chorar no treino para rir na rua. Com base nisto não há tempo nem espaço para atitudes de arrogância e/ou falta de humildade que a todos prejudica inclusive ao próprio. A medida do nosso crescimento marcial é vista pela entrega ao treino, pelo auto empenho na melhoria de pormenores técnicos e pela atenção que temos para com o nosso colega e nunca pelo nosso nariz (empinado) ou pelo colorido que temos abaixo do umbigo (cinto). Assim, os conjuntos de sinais ou sintomas que me é dado a observar não me indica nenhuma patologia grave, mas para mim são sinais de causa desconhecida e em que, nem sempre consigo intervir no sentido de corrigi-los. Com tudo isto, apenas não quero que os meus alunos e os alunos de outros instrutores e até outros instrutores não sofram do grave síndrome da graduação.
Obrigado a todos, Sensei Campos |
Publicado por António Campos | em 21/05/2009 |
O Concerto |
A exemplo de há dois anos, este ano, fui novamente à queima das fitas no Queimódromo de Matosinhos, tal como há dois anos adorei. Houve no entanto, algumas diferenças, ( substanciais), dado que na anterior estava a chover, logo muito menos gente, nesta o tempo aguentou-se e o espaço ficou completamente cheio. Antes de começar o concerto que me levou lá, tive oportunidade de dar uma volta pelas barraquinhas, para observar “in locu” como tudo funcionava isto porque na minha visita anterior não havia tido essa chance. Qual não foi o meu espanto, na proximidade de muitas dessas barraquinhas, as minhas sapatilhas teimavam em colar-se ao chão. Pensei para comigo – é pastilha elástica – nas duas ?, não pode! Tinha sido despejada tanta cerveja no chão que este agora colava. Pensava eu que a cerveja era para beber. Também a 0.50€ o copo ( grande ) dava para tudo. Com toda esta excitação alcoólica, e não só, que eu vi, começou o concerto, pensando eu, ( inocente ) que todos iriam estar atentos a curtir a música. Grande engano, não houve um minuto em que não estivesse alguém, a passar de um lado para o outro, e todos eles com as suas candeias acesas (leia-se copos com cerveja), alguns já em tão mau estado de raciocínio, que era óbvio que o chão colasse. Mesmo os que estavam mais estacionados, e em conversas bastante animadas, mantinham sempre a candeia acesa ( não consegui descobrir de onde lhes vinha tanta sede). Neste ambiente, e com o concerto a decorrer, apercebi-me, que duas miúdas na casa dos vinte e poucos, estacionadas atrás de mim. Iam comentando muitos dos que iam passando, coisas do tipo – olha aquele chavalo tem o cabelo branquinho como o da minha mãe, ( talvez, não reparando que o dito pintava as raízes de escuro ) e é muito parecido com o namorado da minha prima Célia, tu sabes quem é e blá, blá, blá, espantoso com esta aparente distracção, saía-lhes em uníssono mais um refrão “ ai meu amor o que eu já chorei por ti…” lá continuavam a conversa para novamente entrecortar com novo refrão “ de Bragança a Lisboa lá lá lá” . Não cheguei a entender como conseguiam estar fora e dentro do espectáculo. Se calhar nem elas. O que é que isto tem a haver com a prática do karaté? Eu fui assistir ao concerto, e como é meu hábito concentrar-me no espectáculo de forma a não perder pitada do que lá se passasse, tendo para isso, a não ingestão de bebidas alcoólicas como regra. Constatei que a maioria dos que me rodeavam não tinham a mesma intenção; assistir ao espectáculo, e a sensação de felicidade não vinha do palco, mas sim de líquidos e ou fumos ingeridos. Nas artes marciais acontece algo, que pode de alguma forma relacionar-se. Os praticantes, sabem que para usufruírem da felicidade que o treino proporciona, têm que estar atentos, concentrados e uma grande dose de querer. Os não praticantes ( a esmagadora maioria ) suspeitam de algo mas não sabem que é de felicidade que se trata, muitas vezes rotulando-nos de diversas formas e muitas vezes negativas. Isto faz-me pensar que esses seres estão neste concerto ( vida ) apenas para beber umas cervejas, tornar o chão pegajoso e deixar correr a vida (concerto), até ao final, sem a ter vivido, tantas são as vezes que estão fora e dentro. Para aqueles que querem um pouco mais da vida, e entendam vida, como felicidade, a prática das artes marciais, pode ser um dos muitos caminhos a trilhar. Portanto não deves deixar que o concerto (a prática) te passe ao lado.
Já agora o concerto com os XUTOS foi fantástico |
Obrigado a todos, Sensei Campos |
Publicado por António Campos | em 17/05/2009 |
Introdução |
Olá para todos os visitantes deste "sítio" e do link mensagens, agradeço a disponibilidade de dispensarem algum do vosso tempo a ler as mensagens, que eu com imenso prazer aqui deixo. Este link destina-se a de alguma forma, a fazer relatos de analogias que me ocorrem no dia-a dia, de situações comuns e que numa primeira abordagem nada têm a ver com as artes marciais, mas quando mais atentos, a essas situações só tem. Espero que disfrutem, e daí extraiam algo proveitoso, tanto para o vosso dia-a-dia como para as artes marciais. Quanto à frase do Helder Pinto "imensa sabedoria", muito obrigado mas terás que esperar talvez mais 100 anos. |
Muito obrigado, Sensei Campos |
Publicado por Helder Pinto | em 06/05/2009 |
O começo de uma história... |
Olá pessoal, Não percam este link de vista... vai ser usado pelo sensei para nos instruir com a sua imensa sabedoria... :) |
Cumprimentos, Helder Pinto |